A importância da EAD nas aulas presencias

Começamos a trabalhar com EAD em 1998, quando publicamos na internet algumas aulas das disciplinas de refrigeração e climatização. Na época utilizávamos o editor Adobe Pagemill. O processo de criar links e disponibilizar conteúdo técnico na internet se mostrou interessante e por isso começamos a pensar em criar um curso de qualificação básica (formação continuada) para profissionais que atuam no país sem formação. Na época somente existiam no Brasil pouco menos de 10 cursos técnicos de refrigeração e condicionamento de ar (RAC). Havia muitos cursos rápidos, mas não técnicos de 1200 horas.

Com o objetivo de contribuir com a formação desses profissionais que não tiveram oportunidade de realizar um curso presencial criamos e aprovamos no Colegiado do Campus no ano de 1999 o Curso de Qualificação Básica em RAC.  A idéia original era ofertar o curso pela internet.  Mas aprendemos rapidamente que naquele momento a maioria dos profissionais da área não possuía acesso à internet. Passamos a organizar os conteúdos do curso de RAC em módulos ilustrados. Esse conteúdo tornou-se a base para o livro Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização, que encontra-se hoje na segunda edição.  O curso iniciou apenas com apostilas ilustradas. Bem longe do sonho inicial.

No ano de 2000 elaboramos um projeto para a Fundação VITAE.  Nele criamos uma estrutura para produção de material didático EAD e adquirimos um laboratório móvel totalmente equipado para atingir outras regiões com nossos cursos. A inspiração foi do projeto Ícone, que havia sido muito bem sucedido no campus Florianópolis.  No laboratório LEDIS começamos a produzir conteúdos digitais, videoaulas e novas apostilas. O material didático produzido passou a fazer parte do acervo do curso, sendo as apostilas e vídeos utilizados também por diversos professores nas aulas presenciais.

Essa foi a grande lição que aprendemos com a EAD. O material didático e a forma de se dar aula na EAD ajuda muito no ensino presencial.  Graças a experiência acumulada no primeiro projeto executado em 2002 aprovamos em 2005 outro Projeto Vitae, que teve por objetivo introduzir as novas TICs nas salas de aula. Todas as salas de aula do campus São José possuíam acesso à internet já no ano de 2005.

Em 2006 e 2007 participamos do Projeto InterRed onde começamos a desenvolver atividades que deram origem aos Objetos de Aprendizagem em flash e aos Laboratórios Virtuais.  Temos em nossa página quase uma centena de OA disponíveis para nossos estudantes no Portal wiki. Hoje utilizamos o ambiente virtual Moodle para disponibilizar textos, audios, vídeos e animações que fazem parte de nosso modesto curso de EAD, que temos orgulho de dizer que não começou com o intuito de qualquer retorno financeiro.

Essa história toda é para explicar porque entendemos que o modelo de EAD do IFSC deva ser hibrido. Ou seja, deve haver uma estrutura central (Centro de EAD) vinculada à Reitoria com profissionais altamente qualificados para suporte e produção de aulas em alto nível e estruturas locais em todos os campi, no mesmo modelo que o LEDIS.  Os professores dos campi tendo acesso a um laboratório local de produção poderiam produzir suas aulas sob orientação do Centro de EAD. Essas aulas poderiam ser usadas para complementação das aulas presenciais ou poderiam ser o embrião de futuros cursos EAD.

Em diversos campi há exitosas iniciativas de produção e disponibilização de videoaulas no Portal Youtube. Nossos estudantes também têm produzido interessantes conteúdos.

Todos podem produzir conteúdo digital.  O mais importante hoje não é o equipamento e sim a idéia, o conteúdo. Não adianta utilizar um super equipamento de ultima geração se o vídeo não tiver um conteúdo interessante e se não “rodar” no Youtube com facilidade. Ninguém tem paciência para ficar esperando fazer download atualmente.

Quem não quer “reinventar a roda” pode utilizar tudo o que já existe de bom produzido na Internet. Há milhares de aulas de alto nível prontas para serem utilizadas. Basta saber inserir esse material nos planos de ensino.

Esse é um grande desafio: mudar a forma como ensinamos. Estamos acostumados a aulas expositivas. Já publicamos antes que a tendência é que o espaço da aula seja um momento de mais discussão, mais interação com o professor e de aplicação dos conteúdos estudados em outro espaço (em casa ou na biblioteca). É o que defendem professores consagrados como Salman Khan.  Muitos colegas continuam ministrando suas aulas igual faziam há 20 anos, quando ingressei como professor do IFSC.  Usar com inteligência as novas tecnologias é a revolução da educação que está a caminho. Fácil falar e difícil praticar. Por isso nossa sugestão é que novas metodologias sejam experimentadas em pequenas doses.

Passamos a adotar um conceito simples de EAD com sucesso nas aulas presenciais. Uma aula de 60 minutos pode ser fracionada em 3 partes: 20 minutos para apresentar um resumo do assunto + 20 minutos para que os alunos resolvam um problema em grupo + 20 minutos para correção e discussão.  Os alunos dos cursos noturnos não têm tempo para estudar em casa e por isso essa é uma boa forma de fazê-los participar ativamente da construção do conhecimento. A idéia é parecida com que propõe Salman Khan: redução do tempo de exposição e aumento do tempo de interação. Seus milhares de vídeos seguem essa tendência: São curtos e diretos.

Nessa entrevista é possível aprender um pouco mais sobre as idéias de Khan, o fundador da Khan Academy.

Reportagem sobre educação a distância – Entrevista com Salman Khan

Atenciosamente,

Prof. Jesué Graciliano da Silva

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